10/05/2013
Boletim
internacional de desenvolvimento local sustentável
Boletim
informativo #98
1º de
maio de 2013
Sumário
FSM
2013 Declaração da assembleia de convergência de economia social solidária
A economia social
solidária no FSM 2013 na Tunísia
Mensagem
da equipe editorial
Nós três participamos, em níveis
diferenciados do Fórum social mundial (FSM) que aconteceu em Túnis de 26 a 30
de março passado. Yvon estava presente enquanto representante da Rede canadense
de desenvolvimento econômico comunitário (RCDÉC) e da Rede intercontinental de
promoção da economia social solidária (RIPESS) América do Norte. Do seu lado,
Judith estava presente enquanto representante de Urgenci, de RIPESS Europa (da
qual Urgenci é membro).Além disso, Judith participou dos encontros preparatórios
da realização do FSM enquanto membro da coordenação de Babels, a rede de
intérpretes voluntários implicada no FSM desde faz muitos anos. Finalmente, P’actos Europeus, de que Martine
é coordenadora, estava presente no FSM pelo seu presidente, France Joubert.
A realização deste FSM na Tunísia foi
interessante. Pois este país está vivendo uma revolução democrática, engajada
desde o dia 14 janeiro de 2011, que é o eco de numerosas mudanças no mundo
árabe. A participação dos Tunisianos, mas também de representantes de outros
países do Magrebe, bem como da África subsaariana era muito significativa, e os
jovens vieram muito numerosos para manifestar suas esperanças de um futuro
diferente e de um trabalho digno.
Em vez de escrever novos artigos, nós lhes
apresentamos dois documentos, produzidos e divulgados pela RIPESS, após a
realização dos encontros. Eles revelam contribuições inscritas no programa
geral por organizações membros ou implacadas na RIPESS.
Judith Hitchman
Yvon Poirier
Martine Theveniaut
FSM
2013 Declaração da assembleia de convergência de economia social solidária
Os participantes da assembleia de convergência Aqui
e agora um mundo alternativo está em marcha afirmam que a Economia
social e solidária e suas formas diversas pelo mundo afora representam a
alternativa ao sistema econômico capitalista globalizado. É uma economia
concebida pelos cidadãos para os cidadãos cujo objetivo é de assegurar
democraticamente um nível de vida decente e a soberania alimentar dos povos, ao
tempo em que se preserva os recursos naturais atualmente destruídos e
desperdiçados.
É uma economia da emancipação que possibilita aos
povos, em especial às mulheres que dela são as atoras mais importantes, ter o
domínio de seu destino, erradicando a pobreza e restabelecendo para cada um
direitos a uma vida digna.
Aqui e agora em todos os continentes, cidadãos se
organizam para estruturar espaços e redes de intercâmbio de ferramentas, de
idéias e de bens, privilegiando os circuitos curtos e as alianças entre
produtores e consumidores, e a solidariedade entre todos os povos. Esta riqueza
não é apenas material, ela é a das relações entre os humanos, valor cardeal
para assegurar um futuro à humanidade. A assembléia convoca o conjunto dos
habitantes a se organizarem coletivamente para pressionar os poderes públicos
em todos os níveis, do local ao internacional, de maneira a que se engajem a
reorientar sua política econômica para uma economia que coloque a primazia do
humano sobre aquele do capital.
Em especial:
·
co-construindo com a sociedade civil e as organizações
da ESS, políticas permitindo o desenvolvimento da ESS, do local ao nacional;
·
assegurando uma renda decente para o conjunto da
população e um acesso universal aos serviços de base tais como a saúde e a educação;
·
favorecendo o ensino dos métodos participativos e
cooperativos desde a primeira infância e no decorrer dos processos de formação
bem como nas empresas para promover a cooperação solidária em todas as
atividades;
·
desenvolvendo a atividade das empresas de economia
social e solidária por meio de políticas de compra e de acesso aos serviços
submetidos aos critérios de transparência, de boa governança e de vigilância
ecológica da ESS;
·
estimulando os jovens a empreender solidariamente para
desenvolver a atividade econômica útil, em especial nos setores dos bens e
serviços essenciais (agricultura biológica, energia renovável, gestão
equitativa da água, da floresta, dos materiais, etc.). A ESS é uma resposta
eficaz para lutar contra o desemprego dos jovens e em certos países como a
Tunísia dos jovens formados.
·
estabelecendo um quadro legal e especificamente no
nível internacional, permitindo a finança solidária, as cooperativas de
investimento cidadão, as moedas sociais, locais, solidárias.
·
apoiando ativamente a pesquisa /desenvolvimento, as
trocas internacionais e nacionais de boas práticas, a advocacia junto às Nações
Unidas e todas as instâncias internacionais para uma transição urgente rumo a
uma economia respeitosa dos humanos e do planeta.
A assembleia deseja que
os atores da sociedade civil articulem da melhor forma suas ações para que o
conjunto dos habitantes do planeta recuperem seus direitos e substituam a um
sistema econômico fundado sobre o egoísmo individual, a predação dos recursos,
a competição, a dominação masculina e a guerra, uma economia da fraternidade, a
sobriedade, a cooperação e a paz entre os homens.
A economia social solidária no FSM 2013 na
Tunísia
Comunicado
A 12ª edição do Fórum
social mundial (FSM), que aconteceu em Túnis de 26 a 30 de março, apresenta-se
como uma verdadeira consagração das lutas travadas pelos movimentos sociais e a
sociedade civil tunisiana, que se identificam como os atores principais da
primavera árabe e uma ampla representação dos movimentos sociais mundiais em
apoio ao povo tunisiano. Dezenas de milhares de pessoas participaram da marcha
de abertura dia 26, após a realização pela manhã da assembléia das mulheres em
um auditório lotado. Em seguida, aconteceu uma série de oficinas e de conferências,
1200 no total. O FSM foi encerrado dia 30 de março por uma marcha de apoio ao
povo palestino.
A economia social e
solidária é muito presente na programação, e, aliás, a iniciativa apresentada
no caderno dos participantes é a de uma cooperativa: a cooperativa NOMAD 08.
Esta cooperativa reúne um grupo de oito jovens formados da cidade de Redeyef no
sul da Tunísia e se especializou na construção de material eletrônico de
interpretação, que foi usado em especial no FSM. Enquanto a Tunísia encontra-se
com várias dezenas de milhares de jovens desempregados, a Cooperativa NOMAD faz
ofício de tábua de salvação e torna compreensível a escolha dos organizadores
de apresentá-la em primeiro plano aos participantes para aplicar a divisa
histórica do Fórum: outro mundo é
possível.
A RIPESS, incluindo
RIPESS Europa, RIPESS América do Norte e a Rede Africana de economia social e
solidária (RAESS), organizou ali sete oficinas que acolheram cerca de 300
pessoas. Várias organizações regionais se mobilizaram para animar as oficinas e
abordaram o papel do ESS na África, na soberania alimentar, a economia
informal, a democracia econômica e como alternativa ao capitalismo e à
globalização neoliberal. Pudemos ouvir muitos testemunhos de participantes da
África subsaariana, do Magrebe ou da América do Sul, por organizações que
desenvolvem atividades com as mulheres, os jovens, que lutam contra a
monopolização das terras ou o desemprego. Porém, insistimos também no fato que
a ESS não é uma economia de reparação, mas a construção de uma nova visão do
mundo, aplicável em substituição à economia neoliberal devastadora.
O FSM permitiu às organizações membros da RIPESS de
criar uma convergência de seus esforços e de trabalhar para a difusão da ESS
como alternativa, e isto em colaboração com as organizações tunisianas
interessadas pela ESS.
Em nossas oficinas, e fora delas, constatamos um forte
apoio para a idéia que a ESS possa ser uma abordagem adaptada ao povo
tunisiano, possibilitando à população, e aos jovens em especial, de se
organizarem, nas diferentes regiões do país, a fim de desenvolver atividades
permitindo um melhor viver.
Desejamos testemunhar da calorosa acolhida que
recebemos dos Tunisianos e das Tunisianas. E desejamos partilhar nosso
sentimento que a ESS é desde já bem viva na Tunísia.
Josette Combes
Movimento de economia
solidária (MES) França
Membro da RIPESS Europa
Maude Brossard
Canteiro da economia
social do Quebec
Membro de RIPESS América
do Norte
Yvon Poirier
Rede canadense de
desenvolvimento econômico e comunitário (RCDÉC)
Membro de RIPESS América
do Norte
Noureddine EL HARRAK
Rede marroquina da ESS
(REMESS)
Membro da rede Africana
da ESS (RAESS)
Abril de 2013
A respeito do boletim
Este boletim é
publicado nas seguintes línguas: francês, inglês, espanhol, português,
indonésio e japonês. Ele é realizado de forma totalmente voluntária desde o
primeiro número publicado em 2003.
A equipe editorial
quer agradecer as pessoas voluntárias seguintes pelo seu engajamento na
tradução e na revisão:
Michel Colin (Brasil)
Paula Garuz Naval (Irlanda)
Évéline Poirier (Canadá)
Brunilda Rafael (França)
Além disto, gostaríamos de agradecer o Policy Research Institute for the Civil Sector (PRICS) do Seikatsu Club no Japão pela
tradução para o japonês e AKSI UI
pela tradução para a língua indonésia.
Os boletins estão
na internet em dois endereços.
http://developpementlocal.blogspot.com/
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