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01/09/2009

Boletim Internacional de Desenvolvimento Local Sustentável
Boletim Informativo #61
1º de setembro de 2009


Sumário

Mensagem da equipe editorial

Princípios do desenvolvimento econômico comunitário
Uma abordagem global

Por que nosso mundo vai ficar muito menor
O petróleo e o fim da globalização


Encontro da Rede Semences Paysannes [Sementes Camponesas], Le Roc, França, 22-25 de junho de 2009

INFORMES

A - Asian Forum for Solidarity Economy
B - Iniciativas locais: Convite para contribuições


Mensagem da equipe editorial


As coisas estão acontecendo com muita rapidez: nos fatos, as conseqüências de uma economia desregulada se agravam (e isto não acabou como o mostra a análise da obra de Jeff Rubin).
Neste contexto, a abordagem territorial está mostrando o caráter inovador das relações sociais desenvolvidas nas iniciativas locais ou regionais. São hoje atores incontornáveis da organização das solidariedades (como a rede dos produtores de sementes o compreendeu bem). A visão do desenvolvimento econômico comunitário, apresentada durante o encontro anual da Rede canadense de desenvolvimento econômico comunitário (RCDÉC), é um testemunho disto.
Esta evolução reforça as análises desenvolvidas por este Boletim. Como vocês o verão no informe das ações subseqüentes ao Atelier 7 no Fórum Lux’09, Yvon e Martine estão diretamente associados ao desenvolvimento destas ações. Como esta forma de pensar não é ainda usual, é preciso hoje engajar-se de forma metódica, numa política da prova para convencer as pessoas que a economia solidária, inserida em territórios de vida, ligados com o exterior, pode se tornar um componente sustentável e alternativo ao capitalismo neoliberal, no âmbito da economia geral. Nestas condições, ela poderá contribuir para as estratégias de mudança, à medida dos desafios de uma globalização mais responsável.
Por fim, nós desejamos relembrar aos nossos leitores que eles podem nos comunicar notícias ou artigos que poderemos publicar, levando em conta, claro, as nossas limitações, visto que a publicação de nosso Boletim é feita unicamente por voluntários.



Equipe editorial
Judith Hitchman
Yvon Poirier
Martine Theveniaut

Princípios do desenvolvimento econômico comunitário
Uma abordagem global


Na oportunidade do encontro anual da Rede Canadense de desenvolvimento econômico comunitário (RCDÉC) que aconteceu em Winnipeg – província do Manitoba no Canadá – os dias 4 e 5 de junho passados, Stephen Ameyaw da Universidade Simon Fraser (Vancouver) apresentou uma exposição sobre a política do governo canadense concernindo o programa de desenvolvimento econômico em vigor desde 1989 nas regiões Inuit do Canadá. O desenvolvimento econômico comunitário está no cerne desta estratégia, atualmente em revisão.

Nós desejamos partilhas com nossos leitores um trecho desta apresentação:

PRINCIPIOS DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO COMUNITARIO
O DEC é:
- o desenvolvimento por e para o povo. Neste tipo de desenvolvimento, a comunidade dirige o processo desde o início e o controla até o fim.
- um processo. Às vezes, as comunidades atraem especialistas e práticos do exterior para ajudá-las a planejar projetos de desenvolvimento, mas os objetivos e as coisas das quais precisam devem ser decididos pelo povo. Exemplos: as matérias primas locais, o trabalho e as ideias.
- um processo de longo prazo – as pessoas participam, se organizam para alcançar seus objetivos.
- holístico – o DÉC compreende o físico, o espiritual, o social, o meio ambiente natural, terra, mar e rios, suas culturas, a saúde da população e do meio ambiente, todos são estreitamente interligados.
- inclusivo – todos os membros da comunidade participam das questões relativas à comunidade e são representados em vários comitês.
- o desenvolvimento da população, os dirigentes são engajados, organizados e trabalham juntos.
- fundado sobre a sustentabilidade – será que a coletividade pode sustentar todas as iniciativas que empreende?
- comunidades inovadoras encontram novas formas de criar oportunidades, recursos naturais e materiais.
- visa à diversificação – o aumento das possibilidades de mudança
- comunidades colobarativas constroem parcerias com a indústria, os governos, as organizações internacionais e outras e para realizar os objetivos.
-
Esta descrição é muito parecida com os princípios que são desenvolvidos no Boletim desde o primeiro número em novembro de 2003. À luz de nossa experiência, e das experiências que observamos em outros países, nós acrescentaríamos alguns elementos: o DÉC permite fortalecer a coesão social, relações de não-violência e a resolução pacífica dos conflitos na comunidade; a construção de uma economia local dinâmica que conte com seus próprios recursos humanos e materiais; a abertura sobre o exterior e a tomada de consciência das interdependências entre o local e o global, e a descoberta das melhores soluções locais aos desafios atuais.
É por isso que o DÉC constitui um recurso precioso para pensar seu desenvolvimento em função das gerações futuras.
Apresentação: Yvon Poirier


Por que vosso mundo vai se tornar muito menor?
O petróleo e o fim da globalização


Jeff Rubin, ex-economista diretor geral dos « mercados mundiais » de um grande banco canadense, a CIBC, acaba de publicar um livro intitulado “Why your world is about to get a whole lot smaller”.
Este economista, um dos primeiros a anunciar em 2000 que os preços do petróleo iam aumentar rapidamente, faz a demonstração que o fim do petróleo barato vai modificar consideravelmente a economia e a sociedade. Ele fala do “fim da globalização” para descrever este fenômeno.
Apoiando-se sobre certos dados, ele mostra que desde vários anos, o consumo de petróleo aumenta 4 milhões de barris a mais que as quantidades descobertas em novos campos. Embora os dados sejam distorcidos, signos importantes atestam que os campos atualmente produtivos se esgotam. Por exemplo, o petróleo do principal campo da Arábia Saudita começa a conter água salgada, sinal de que se bombeia nele água do mar para aumentar a pressão, o que é também sinal de esgotamento. Outro exemplo, nos Estados Unidos, a produção histórica que era de 10 milhões de barris/dia, caiu para 5 milhões de barris/dia. A exploração dos poços do Golfo do México, que devia compensar esta diminuição, ficou quase destruída pelo furacão Katerina.
Durante este tempo, apesar da crise econômica atual, a venda de automóveis continua aumentando cerca de 10% por ano, na Índia e na China. O autor demonstra igualmente que as energias de substituição estão longe de poder substituir o petróleo em um futuro previsível.

Notas de leitura : Yvon Poirier

Rubin, Jeff, Why your world is about to get a whole lot smaller, Random House Canada, 2009, 287 p.

Encontro da Rede Sementes Camponesas, Le Roc, França, 22-25 de junho de 2009
Semences paysannes é uma rede que tem como objetivo apoiar os camponeses no seu empenho em conservar, semear de novo e trocar suas sementes, um direito fundamental e histórico. Estas práticas se tornaram ilegais em muitos países depois da pressão dos plantadores de sementes multinacionais e do lobby pro OGM. A prática tradicional da seleção participativa (selecionar as espigas de trigo que agradam a vista dos fazendeiros nos seus campos como nos campos dos outros, e utilizar as sementes para voltar a semear para uma colheita experimental o ano seguinte) ajuda também a adaptar as variedades locais de trigos a se adaptarem às condições locais e às mudanças climáticas, portanto, é muito importante manter estas práticas. É também muito importante preservar as variedades históricas de trigos que fazem parte de nosso patrimonio agricultural.
Este encontro era dedicado a três aspectos específicos: a visita da coleção magnífica dos trigos in situ de Jean-Fraçois Berthelot na sua fazenda, onde aconteceu o encontro, oficianas para partilhar as habilidades sobre as formas de utilizar as mós e a farinha, e a panificação dos pãos com levedo entre os camponeses-padeiros e um seminário de um dia sobre as regulamentações existentes e as possibilidades de superar os obstáculos.
Permitir aos agricultores e aos padeiros-camponeses produzir o que precisam para fazer pãos com levedo tradicionais e de alta qualidade nutricional é uma dimensão incontestavelmente importante na luta para um desenvolvimento local sustentável.

Autor: Judith Hitchman

INFORMES

A-Asian Forum for Solidarity Economy


O segundo encontro solidário Ásia acontecerá do dia 7 ao dia 10 de novembro próximo em Tóquio no Japão. Este encontro é a continuação de um primeiro encontro realizado em Manila em outubro de 2007.
Quatro temáticas serão abordadas nas oficinas:
Finanças sociais/Micro finanças & Economia solidária
Comércio justo & Economia solidária
Bem estar social & Economia solidária
Iniciativas locais/Inserção territorial da economia solidária

http://solidarityeconomy.web.fc2.com/en/program.html


B – “Iniciativas locais/Inserção territorial da Economia solidária”: Convite para contribuições
A oficina 7 que tratava do tema “Participação democrática e inserção territorial para outra economia” continua seu trabalho de sistematização para que esta abordagem se torne um pilar fundamental das estratégias de desenvolvimento da economia solidária.
“A inserção territorial aparece logo, quando se observa a realidade da Economia solidária numa abordagem territorial, do local ao global. Uma vantagem importante desta abordagem é fornecer uma visão realista de seu nível de desenvolvimento nas localidades, países e continentes. Ela permite examinar de maneira mais rigorosa as suas diferentes dimensões e facetas, no seu estágio atual de desenvolvimento, numa localidade dada. Isto melhora a visão dos aspectos temáticos (ou setores) a serem fortalecidos, para estimular a Economia Solidária como uma economia alternativa numa localidade dada”.
“Mais importante ainda, a inserção territorial destaca o papel da governança na promoção da Economia Solidária como alternativa econômica, no âmbito do processo de globalização”.
Levando em conta a realização do 5º encontro da Globalização da solidariedade na Ásia em 2013,
- a Asia Alliance for Solidarity Economy (www.aa4se.org) é o parceiro principal neste processo.
- Pactes Locaux [Pactos locais] (www.pactes-locaux.org) aceita a responsabilidade de desenvolver o consenso que se manifestou nos trabalhos do Atelier 7, com o apoio da FPH.
Para levar a cabo este processo baseado sobre o intercâmbio entre práticos (ou catalisadores) de projetos de territórios, um comitê de coordenação provisório foi constituído com as pessoas seguintes:

Ben Quiñones (Asian Alliance for Solidarity Economy).
Denison Jayasooria (Asian Alliance for Solidarity Economy)
Yvon Poirier (Boletim Internacional de desenvolvimento local sustentável)
Martine Theveniaut (Pactes Locaux).

Este processo é aberto e inclusivo. A depender dos países e dos continentes, o sentido da palavra território e da “inserção territorial” são diferentes: fala-se de “desenvolvimento econômico comunitário” (na América do Norte), de “desenvolvimento comunitário” (na Índia), de “desenvolvimento local” (na Europa, na África francófona e na América do Norte e do Sul). No entanto, nós sabemos que além destas terminologias diferentes, as semelhanças nas abordagens e as práticas são grandes.
Convidamos todos os nossos leitores interessados a se associar ao Fórum Internet, aberto de 1º de agosto a 30 de outubro de 2009 e a descrever sua própria experiência. A sua contribuição servirá diretamente para a preparação do 4ª Oficina do Fórum asiático para a economia solidária que acontece do 7 a 10 de novembro, em Tóquio no Japão, sobre o tema “Iniciativas locais/Inserção territorial da Economia solidária.”.
Vocês encontrarão o texto de apresentação e o guia para responder a este convite nos sites seguintes:

ALOE : http://www.forums.socioeco.org//info/atelier7-w7tf
AA4Se http:/www.aa4se.com

Nossos boletins estão disponíveis na Internet:
http://developpementlocal.blogspot.com/
www.apreis.org/

Agradecimentos aos nossos tradutores:
Éveline Poirier (Canadá) para o inglês, Brunilda Rafael (França) para o espanhol e Michel Colin (Brasil) para o português.

Entrar em contato conosco (para informações, novas assinaturas ou cancelamento de assinaturas)
Yvon Poirier ypoirier@videotron.ca

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