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01/07/2009

Boletim Internacional de Desenvolvimento Local Sustentável
Boletim informativo #60
1º de julho de 2009

Sumário

A marcha silenciosa da força invisível
ASSEFA: 40 anos de desenvolvimento comunitário na Índia


Mensagem da equipe editorial


Neste número, nós lhes informamos sobre progressos muito significativos, obtidos pela Association for Seva Serva Farms (ASSEFA) da Índia, estes últimos anos. Este desenvolvimento evidencia as potencialidades de alternativa e de crescimento em número e qualidade de uma realização territorial realizada na duração. Mas não se trata de vilarejos fechados sobre si próprios, trata-se de comunidades interligadas entre elas por um projeto global e por um banco adaptado às necessidades, que atua na escala regional e nacional, o que permite organizar solidariedades de forma mais ampla e com um maior embasamento.
Já apresentamos esta associação nos Boletins #4 (2003) e #12 (2005), disponíveis no site indicado abaixo. Com efeito, em agosto de 2002, Yvon tinha sido convidado pela ASSEFA com uma delegação internacional. Naquele momento, a associação contava mais ou menos 3 500 vilarejos. Seis anos mais tarde, são 9 800 vilarejos! Para Yvon trata-se sempre de uma associação que pode inspirar muitos e que deve ser conhecida.
Nos próximos meses, exploraremos com vocês os passos futuros de nosso boletim no contexto dos resultados do encontro de Luxemburgo (ver o número precedente). A tomada de consciência que acompanha as crises em curso, e particularmente o fim anunciado do petróleo barato, terá inexoravelmente impactos enormes. Um grande número de análises prediz a volta para o território, o “local” tornando-se o lugar da (re) composição das atividades humanas e o da gestão dos recursos naturais como do acompanhamento das resiliências ecosistêmicas. Chegou o momento de colocar todas as energias - humanas! – a serviço de soluções alternativas pacíficas ao modelo macroeconômico globalizado que estava embasado sobre a exploração incessante de recursos que eram considerados inesgotáveis. “É tarde demais para ser pessimista”, como o diz Arthus-Bertrand no filme “Home”.

Próxima publicação : setembro


Equipe editorial
Judith Hitchman
Yvon Poirier
Martine Theveniaut

A marcha invisível da força invisível
ASSEFA: 40 anos de desenvolvimento comunitário na Índia

Na oportunidade do 40º aniversário de suas atividades, a Association for Seva Serva Farms (ASSEFA) da Índia publicou uma coletânea de diversos artigos, em um livro com título instigante: “A marcha silenciosa da força invisível”.
Em março de 2008, este movimento, de inspiração gandhiana reúne 9 766 vilarejos em 8 estados diferentes da União Indiana. Assim, no total, são 803.000 famílias, portanto, mais de 3,5 milhões de pessoas que beneficiam das múltiplas atividades da ASSEFA. Prevê-se que em 2010, estas envolverão 1 milhão de famílias.
Não é possível no presente artigo de descrever com detalhes o conjunto das atividades da ASSEFA. Apresentamos aqui um conjunto de elementos que dão uma idéia do trabalho realizado desde 2002, quando Yvon Poirier fez uma visita in loco. Remetemos o leitor aos Boletins 4 e 12 para ter uma idéia mais precisa do caminho percorrido em 7 anos.

A visão: uma abordagem holística
No começo, em 1968, tratava-se de ajudar os camponeses sem terras a criar vilarejos sobre terras obtidas pelo movimento Gandhi. Assim, nos primórdios, ASSEFA trabalhava para os aldeenses. Na etapa seguinte, ASSEFA trabalha com todo mundo, inclusive os pobres. Com efeito, desde uns quinze anos, é mais apropriado de falar em desenvolvimento pelo povo, no qual a associação desempenha funções de planejamento e de apoio. A abordagem é holística e visa à criação de vilarejos autosuficientes e sustentáveis.
O conceito de fiduciário (trustee em inglês) se encontra no cerne dos princípios que prevalecem. “Cada um deveria viver nesta Terra-Mãe como Fiduciário com tudo o que ele tem e adquire para o benefício da comunidade na qual ele vive”. Assim, ASSEFA confia na comunidade e nos aldeenses. Eles ficam livres de se organizar entre eles, de administrar o dinheiro e os recursos materiais para ter um benefício mútuo, e se possível fazer beneficiar os vilarejos vizinhos.


A micro-finança: uma ferramenta de ajuda animada por mulheres
A organização dos vilarejos está embasada em boa parte sobre os grupos de ajuda femininos (GEF). Em março de 2008, 32 000 GEF agrupavam 500 000 mulheres em 113 Sarvodoya Mutual Benefit Trusts (SMBT). Em 1996, os SMBT se tornaram proprietários da Sarvodaya Nano Finance Limited, uma instituição financeira reconhecida pelo Banco da Índia. Assim, desde 1998, a micro-finança é a propriedade das mulheres. Ela é gerida por elas próprias, com a ajuda dos profissionais de ASSEFA. Em 2008, 172 000 mulheres beneficiaram de empréstimos. A taxa de reembolso foi de 99,66%!
Nesta abordagem holística, ASSEFA verifica se os vilarejos podem satisfazer suas próprias necessidades: saúde, educação, moradia, atividades de geração de renda (tais como produção de leite, pequenas empresas, venda direta de produtos agrícolas nos mercados, etc.).


Construir a coesão social
Um destaque maior é a construção da paz nas comunidades. Como o dizíamos em 2005, ASSEFA, com a ajuda de organizações amigas na Europa, e o apoio de diversos recipiendários do prêmio Nobel da Paz, entre outros, o Dalai Lama do Tibete, Mairead Corrigan Maguire da Irlanda e Aug San Suu Kyi do Mianmar, obteve que a Assembléia Geral da ONU declare a “Década 2001-2010 para a educação para a paz das crianças do mundo”. Esta formação está integrada ao programa das escolas ASSEFA.
Outra atividade importante foi instalada estes últimos anos, os “casamentos comunitários”. Na Índia, o casamento continua sendo uma instituição importante. Além das duas pessoas, trata-se de um rito sagrado que une duas famílias. Assim, a maioria dos casamentos são “arranjados”. Mesmo se tratando de acontecimento festivo, para muitas famílias pobres financeiramente é um desastre. Porque, na Índia, pese a sua ilegalidade desde 1961, o dote continua uma norma. Assim, os casamentos comunitários, que unem simultaneamente casais hindus, muçulmanos e cristãos, não somente constituem uma promoção do respeito entre as religiões como criam uma atividade de fortalecimento da comunidade e da luta contra a pobreza. Assim, os GEF que organizam estes casamentos reduzem em 50% os gastos para as famílias em questão. Em janeiro e fevereiro de 2006, em 7 lugarejos do Tamil Nadu (estado do sul da Índia), 340 pares se casaram e 49000 pessoas participaram das celebrações. Envolver os aldeenses fornece as condições para ajudar, se for necessário, os recém-casados. “Em poucas palavras, os casamentos comunitários são uma ferramenta potente de construção da coesão social e da ajuda mútua nos vilarejos”.


Perspectivas para os próximos 40 anos.
Realizar a justiça social e econômica, criar vilarejos prósperos, continua sendo uma prioridade. Entretanto, mesmo se “o empoderamento dos mais vulneráveis é um trabalho contínuo em todas as sociedades, e que a sustentabilidade é não somente uma questão de sobrevivência de projetos ou de organizações, nossa habilidade para compreender as implicações da interdependência se tornou uma preocupação global, pois é provavelmente o fator chave que determinará a sobrevivência ou não da humanidade inteira, no próximo século”.
A globalização agrave consideravelmente as diferenças entre os ricos e os pobres pelo mundo afora e dentro de cada país. “É verdade que a economia após petróleo abre perspectiva de mudança de rumo, mas ela provocará também rupturas e miséria para muitas pessoas. Sem uma gestão efetiva da economia global, não somente para assegurar as necessidades essenciais de todos, mas também para se adaptar às mudanças ambientais, o futuro da humanidade no próximo século corre um sério risco.”

Autor: Yvon Poirier¸
Silent March of The Invisible Force
Sarvodaya Action Research Centre, Madurai, Tamil Nadu, September 2008, 248 p

Nossos boletins estão disponíveis na Internet:
http://developpementlocal.blogspot.com/
www.apreis.org/

Agradecimentos a nossos tradutores :
Éveline Poirier (Canadá) para o inglês, Brunilda Rafael (França) para o espanhol e Michel Colin (Brasil) para o português.


Entrar em contato conosco (para informes, novas assinaturas ou cancelamento de assinaturas)
Yvon Poirier ypoirier@videotron.ca

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