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14/02/2009

Boletim Internacional de Desenvolvimento Local Sustentável
Boletim Informativo #55
1º de fevereiro de 2009

Sumário

Mensagem da equipe editorial


4º Encontro internacional sobre a globalização da solidariedade
Convite para participar

O Jinriquixá na Índia
Uma iniciativa inovadora pelos mais pobres


Mensagem da equipe editorial


No começo deste ano de 2009, só se ouve falar de conflitos armados e dos efeitos em cadeia de uma recessão que corre o risco de degenerar em grande depressão econômica. E como sempre, são as pessoas e os povos mais desprovidos, mais frágeis que arcam com as conseqüências. Como nos anos 30, a crise encontra seu ponto de partida no país mais poderoso, aquele que impôs as formas e as condições da globalização. Nós todos somos concernidos e potencialmente ameaçados por aquilo que está acontecendo. É por isso que é fundamental hoje de contribuir, com as nossas próprias reflexões e nossas propostas. De fato, os dogmas que denunciamos já há muitos anos, como a desregulamentação, as privatizações, o consumo não sustentável nos países ricos, estão sendo questionados. É uma oportunidade para afirmar que “uma outra economia existe”.

Nós acompanhamos as mutações desde mais de vinte anos. Elas se afirmaram e se internacionalizaram progressivamente tanto no Fórum Social Mundial de Belém no Brasil em janeiro quanto no 4º Encontro internacional de globalização da solidariedade em abril 2009 no Luxemburgo. As potencialidades de nossas alternativas têm para elas o futuro. Os atores da economia social e solidária terão a oportunidade de fazer ouvir sua mensagem nos meses que vêm. É uma oportunidade que não podemos desperdiçar para construir convergências e alianças em prol de uma ação de conjunto.

Estamos felizes de testemunhar neste boletim de uma inovação muito interessante por e para os mais pobres. Como o dissemos em muitas ocasiões, a capacidade de inovação e de criatividade das abordagens alternativas, orientada para empoderamento das próprias pessoas em relação a sua atividade econômica, é um dos recursos, sem dúvida o mais precioso, para mudar a realidade.

É um encorajamento forte para todos nós.

Equipe editorial
Judith Hitchman
Yvon Poirier
Martine Theveniaut

O Jinriquixá na Índia
Uma iniciativa inovadora pelos mais pobres


Na Índia, como em muitos países, habitantes arrancados à vida rural onde não conseguem mais viver, partem para tentar melhorar sua sorte nas zonas urbanas. Ora, carentes de formação e de competências particulares, eles apenas aumentam o número de pessoas vivendo na miséria, muitas vezes em condições “desumanas”. É assim que na Índia, há 8.000.000 de condutores de jinriquixá, dos quais 95% não são proprietários de seu próprio veículo, por falta de recursos. Na Índia, um jinriquixá é um triciclo modificado para o transporte de pessoas ou de mercadorias. Para ganhar sua parca subsistência, eles são obrigados a alugar, por um valor diário, um jinriquixá a taxas que podem ser consideradas usuárias (geralmente uma forma de máfia). Assim, de uma renda diária média de 75 rúpias, eles devem pagar 25 para o proprietário (50 rúpias equivalem a US$ 1). Além disto, como eles não possuem seguro, são vulneráveis quando ocorre um acidente com um passageiro. Geralmente, cinco pessoas dependem desta renda para viver.
Constatando este fenômeno, o Dr. Pradip Kumar Sarmah, diretor executivo do Center for Rural Development (Centro de desenvolvimento rural), concebeu que era preciso encontrar uma solução para ajudar estes pessoas de origem rural. Ele pensou que a melhor forma era de montar um projeto que permita aos condutores tornarem-se proprietários de suas próprias ferramentas de trabalho, a saber, um jinriquixá.

O projeto: o Banco Jinquirixá

Assim, em 2004, nasceu a idéia do Banco Jinquirixá. Depois de uma série de providências um sistema está funcionando desde 2006. Ele possibilita aos trabalhadores autônomos de tornarem-se proprietários de seus jinriquixás. Além do mais, o projeto comporta numerosas inovações:

• Um novo jinriquixá, com materiais mais leves e mais aerodinâmicos com a ajuda do Instituto Indiano de Tecnologia;
• A nova concepção permite de nele afixar publicidade, o que aumenta a renda;
• Um empréstimo em um banco lhes permitindo comprar seu jinriquixá, com a ajuda de ONGs de desenvolvimento, em decorrência de entendimentos com instituições financeiras e ministérios;
• Este empréstimo é integralmente reembolsado dentro de um período de 12 a 24 meses, pagando a mesma quantia que pagavam antes aos proprietários, a saber, 25 rúpias por dia;
• O empréstimo de um montante aproximativo de 13.000 rúpias, além da compra do jinriquixá, uma farda, uma carteira de identidade, uma carteira de habilitação e um seguro para dois anos;
• Uma solidariedade de grupo se instala, pois os condutores formam grupos de cinco condutores cada um (no modelo dos grupos de empréstimos da micro-crédito). Além disto, cinco grupos, isto é, 25 condutores, dispõem de uma oficina para fazer a manutenção e consertar seus jinriquixás. Este lugar, que serve também para as famílias terem acesso ao gás para cozinhar, produz igualmente um sentimento de pertencimento e um espaço de troca de idéias.

Já são mais de 3.000 condutores que se tornaram proprietários e a demanda é tão forte que o Centro de Desenvolvimento rural não consegue mais responder a todas. É importante frisar que o projeto obteve uma visibilidade importante na mídia, inclusive na televisão nacional e nos jornais. Como o projeto é apoiado pelos governos respectivos, por exemplo, pela presença de ministros quando dos lançamentos em novas cidades, a notoriedade do projeto aumenta. Atualmente, a expansão do projeto vai ser realizada concedendo franquias a outras organizações em toda a Índia.

Os impactos


O projeto já tem condições de demonstrar um impacto do ponto de vista de um desenvolvimento comunitário sustentável. E isto em três níveis:

• Social – melhoria da saúde dos condutores e de suas famílias, maior acesso à escola para os seus filhos, melhoria da lei e da ordem (menor controle da máfia) e criação de um ambiente de trabalho mais positivo.
• Ambiental – uma alternativa ao uso das energias fósseis (automóvel) e acesso a um gás de cozinha mais ecológico.
• Econômico – acesso à propriedade do jinriquixá, aumento da renda e elevação do nível de vida, acesso a recursos financeiros, criação de empregos para os jovens e possibilidade para as empresas locais de aumentar suas vendas.

O futuro - o Soleckshaw

Atualmente em fase experimental, um novo modelo de jinriquixá, assistido por um motor com bateria de energia solar, está sendo testado em Nova Deli. Lançado com a participação do Ministério das Ciências do governo federal indiano, é previsto utilizar o soleckshaw em grande escala na época dos Jogos do Commonwealth em 2010.

É um fato conhecido que a densidade das populações nas cidades da Índia é tal que é preciso encontrar soluções ecológicas para a circulação das pessoas e das mercadorias. Ao tempo em que permite uma melhoria sensível das condições de vida de pessoas muito pobres, o Banco Jinriquixá permite melhorar a vida urbana, e com a aparição em grande escala do jinriquixá assistido por um motor, o esforço físico dos condutores será igualmente consideravelmente reduzido.

Autor: Yvon Poirier

Resumo de uma apresentação em uma conferência em Brisbane na Austrália em outubro 2008.
Para informações suplementares: www.crdev.org



4º Encontro internacional sobre a globalização da solidariedade
Convite para participar


O Comitê de coordenação europeu prepara ativamente o Fórum Lux’09 de 22 a 25 de abril 2009 que acontecerá em Esch sur Alzette (Luxemburgo). Ele se reuniu, quase que completo, os dias 9 e 10 de janeiro em Saint Omer (Região Nord Pas de Calais, França). Escolhendo este lugar, ele respondia ao convite da plataforma de trabalho animada pelos Pactos Locais, na ocasião de sua 5ª e última etapa regional de capitalização de experiências sobre o tema da “participação democrática e a inserção territorial” (que será tema de uma oficina, a 7ª entre as 14 selecionadas.Cada uma dessas oficinas tem uma página aberta no fórum em linha, acompanhando diversas temáticas - cf. www.lux09.lu).

O conjunto das contribuições das oficinas é destinado a trazer elementos a serem tratados no tema escolhido pelos Europeus, e validado pelo RIPESS (Rede internacional de Promoção da Economia Social e Solidária), para este 4° encontro da globalização da solidariedade: “Uma outra economia existe: as inovações da economia social e solidária”. O contexto atual é o de uma crise profunda do modelo de crescimento. Este modelo produziu uma globalização insustentável e profundamente injusta. Os autores da economia social e solidária têm consciência que Lux’09 é um momento importante para dar um passo a mais para frente, por causa de seus avanços coletivos, para “sair da floresta” e se afirmar como partes integrantes da transformação das regras do jogo para sair da crise “por cima”.

Os prazos se aproximam, as pré-inscrições estão abertas no site dedicado ao fórum, animado pelo INEES (Instituto europeu da economia solidária), já citado antes: www.lux09.lu. Lembremos às pessoas interessadas em participar do Lux’09 que uma contribuição ativa nas discussões em linha é fortemente desejada. Trata-se mesmo de uma das condições mais do que aconselhadas pelos organizadores para associar-se ao processo. Chegou o momento de engajar-se!


Martine Theveniaut
Delegada geral Pactos Locais-Lux’09
www.pactes-locaux.org
www.lux09.lu


Nossos boletins estão disponíveis na Internet:
http://developpementlocal.blogspot.com/
www.apreis.org/

Agradecimentos a nossos tradutores :
Éveline Poirier (Canadá) para o inglês, Brunilda Rafael (França) para o espanhol e Michel Colin (Brasil) para o português.

Entrar em contato conosco (para informações, novas assinaturas ou cancelamento de assinaturas)
Yvon Poirier ypoirier@videotron.ca

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