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05/09/2008

Boletim Internacional de Desenvolvimento Local Sustentável
Boletim Informativo#51
1° de setembro de 2008
Sumário

Mensagem da equipe editorial

15ª Feira de Santa Maria - Brasil
Outra economia existe!

Cúpula Mundial de Empreendedorismo, Nairóbi 26-27 de maio de 2008
Reflexões sobre diversas noções de empreendedorismo

Mensagem da equipe editorial


Neste número, nós lhes apresentamos dois artigos. A participação de Yvon na Feira de Santa Maria no Brasil lhe possibilitou constatar a vitalidade da economia solidária nesta região do mundo. Além disto, ele constatou como a cidade de Santa Maria se revitalizou, como a sua cidade de Québec, mobilizando os cidadãos e os movimentos sociais. Quanto a ela, Judith Hitchman esteve em condições de constatar quando de um encontro no Quênia que diversas noções de empreendimento existem. Nós desejamos partilhar com vocês estas reflexões.

Equipe editorial
Yvon Poirier
Martine Théveniaut


15ª Feira de Santa Maria – Brasil
Outra economia acontece!


Foi com este tema que aconteceu a 15ª Feira de Santa Maira, de 11 a 13 de julho de 2008. Santa Maria é uma cidade do Estado do Rio Grande do Sul, situada a 300 km de Porto Alegre. Além do próprio aspecto “feira”, com aproximadamente 150.000 visitantes, a feira foi igualmente a oportunidade para um encontro anual de um número crescente de redes e de organizações.
Assim, aconteceram os encontros seguintes que são ligados aos temas de interesse de nosso boletim:

• 4a Feira de Economia Solidária do Mercosul
• 15a Feria Estadual do Cooperativismo
• 7a Feira Nacional de Economia Solidária
• 8a Mostra de Biodiversidade e Agricultura Familiar
• 4e Seminário Latino Americano de Economia Solidária
• Mini-Fórum Social de Economia Solidária (preparatório do FSM 2009 em Belém)
Os produtos da própria feira ilustram a capacidade de viver alimentando-se com produtos sadios e naturais. Em sua documentação, a organização da feira expressa sua convicção que “estes eventos firmam práticas e convicções importantes, como a não comercialização de produtos com aditivos químicos, agrotóxicos, nenhum tipo de refrigerante ou cerveja industrializada, nem o consumo de cigarros, motivando o consumo de produtos naturais e ecológicos, como suco, caldo de cana, água potável, alimentação sadia e natural, em favor da qualidade de vida e saúde das consumidoras e consumidores.” O objetivo consiste em mostrar que é possível consumir de outra forma comprando produtos locais naturais de qualidade.
O 4° Seminário Latino Americano de economia solidária aconteceu no dia 12 de julho. Na presença de mais de 150 pessoas, representantes da Colômbia, do Peru, da Bolívia, do Equador, do Nicarágua, da França, do México, da Espanha, do Uruguai, do Paraguai, da Argentina e do Brasil.
As temáticas seguintes foram abordadas:
• A economia solidária enquanto estratégia de desenvolvimento regional – a visão da sociedade civil além das fronteiras
• Políticas públicas de apoio à economia solidária – diálogo com os governos
• Construção da agenda de uma integração econômica regional solidária – diálogo entre redes sociais e governos
Após suas ricas partilhas sobre esses assuntos, os participantes se encontraram para preparar sua participação no Fórum Social Mundial de janeiro de 2009 em Belém, no Pará.
A prefeitura de Santa Maria está muito envolvida na Feira, especialmente desde que Valdeci Oliveira foi eleito prefeito em 2001. Uma breve visita da cidade permitiu compreender como a mobilização cidadã permitiu revitalizar o município. Por exemplo, a municipalidade transformou uma estação de trem abandonada em biblioteca municipal e construiu parques públicos em todo canto. Funcionários da prefeitura nos mostraram com orgulho um novo restaurante popular que servirá 13.000 refeições ao dia pelo valor unitário de um real. A economia solidária é um dos importantes pilares da revitalização do município.
No seu discurso de abertura a coordenadora do projeto da Feira desde o começo, Irmã Lourdes Dill, estava orgulhosa de dizer que Santa Maria é a “Capital internacional da economia solidária”.
Autor: Yvon Poirier
Participante da Feira
Representante das redes Norte Americanas de economia solidária

Cúpula Mundial do Empreendimento, Nairóbi 26 e 27 de maio de 2008
Reflexões sobre diversas noções de empreendedorismo


SACOMA (Comunidades do Saara no Exterior) foi fundada em 2000 para ajudar às comunidades de língua suaíli da África subsaariana residentes no Reino-Unido. Numerosos membros desta comunidade conhecem uma situação de precariedade, sofrem de pobreza, de isolamento social e de discriminação. O objetivo desta organização é reforçar as capacidades, informar e educar os membros desta comunidade de forma a superar as discriminações e a exclusão social dos quais são vítimas e a participar de maneira eficaz da regeneração econômica e social no Reino-Unido. O objetivo principal era de acolher uma empresa ao serviço da educação e das necessidades sociais das pessoas originárias dos países subsaarianos e dos outros países dos outros países africanos, especialmente os imigrados falando suaíli vivendo no Reino-Unido.
A missão de Sacoma consiste em contribuir para a construção de um mundo em que as pessoas sejam econômica e socialmente independentes e beneficiem de uma boa qualidade de vida. Visamos fortalecer o desenvolvimento econômico e social da comunidade ampliando seus horizontes e trazendo um valor agregado às iniciativas de desenvolvimento comunitário pela introdução de uma nova dimensão, a saber, o empreendedorismo social. (Extrato do site web).
Os palestrantes da conferência provinham de horizontes sociais e econômicos muito diversos e de diferentes países. Enquanto membro do Comitê de coordenação europeu de LUX’09, e palestrante em uma oficina sobre o empreendedorismo social, a conferência pese a seu dinamismo, suscitou em mim algumas reflexões profundas sobre os diferentes sentidos que podem ser atribuídos ao termo de empreendedorismo social, e sobre as ambigüidades que tal fato pode gerar.
O princípio da conferência repousava sobro o desenvolvimento de redes como base social de nossa sociedade, sobre o desenvolvimento da confiança em si mesmo e sobre o desenvolvimento de diferentes habilidades mediante micro-projetos favorecendo o desenvolvimento econômico, dando uma atenção específica às mulheres, aos jovens, às pessoas portadoras de deficiência ou com necessidades especiais, às populações imigradas ou refugiadas, assim como às minorais étnicas. As alavancas identificadas eram o desenvolvimento pessoal e a empregabilidade, assim como o desenvolvimento tanto social quanto econômico. O objetivo era desenvolver os aspectos imateriais do capital intelectual e social, assim como a coesão social.
A Comissão Européia define a empresa social da forma seguinte: “As empresas sociais dedicam suas atividades e reinvestem seus excedentes financeiros em um interesse mais amplo da realização de um objetivo social ou comunitário para seus membros ou um interesse social mais geral .
Isto implica que a dimensão social das iniciativas seja:

• Lançada por um grupo de cidadãos
• Baseada sobre um poder de decisão que não esteja em função da propriedade do capital
• De natureza participativa, incluindo as pessoas afetadas pela atividade
• Limitada na distribuição dos benefícios
• Representa um objetivo explícito benéfico para a comunidade

Tudo isto é bem bonito, mas mesmo na Europa, isto inclui grande número de diferenças culturais. Infelizmente, em Nairóbi, tive a impressão que somente um número limitado de participantes partilhava a maioria destes critérios. Uma maioria deles defendia o modelo capitalista indo do capital de risco passando pela redistribuição de lucros aos acionários, e limitando a abordagem social à única criação de novos empregos. O que emergiu claramente, no entanto, como uma dimensão importante da conferência, era a importância atribuída à inclusão das etapas de valor agregado da produção em nível local, antes que no nível europeu. O que é, incontestavelmente, um aspecto importante em si.
Tudo isto me remeteu à forma (muitas vezes muito legítima) conforme a qual a responsabilidade societal da empresa (SER) e os objetivos sociais de criação de empregos no âmbito local entram em conflito com a abordagem muitas vezes mais fundamental da economia solidária, que tenta, por sua vez, examinar e modificar a abordagem econômica fundamental de nossa sociedade. A primeira abordagem representa aspectos do mercado impulsionados pelas forças da sociedade civil mundial, que pedem para promover mudanças para se alcançar uma maior equidade social e melhor controlar suas vidas. A segunda representa as forças que emergem e que tendem a guiar o mercado rumo a um novo modelo, mais sustentável. Parece-me que existe hoje uma tendência mundial consistindo em converter a abordagem paternalista caracterizando o modelo econômico do século XIX, que comporta uma abordagem caritativa fortemente ancorada na religião, em uma extensão da RSE, sem que por isso esta reexamine as causas fundamentais da exclusão social e econômica; ao passo que, pelo contrário, o modelo da economia solidária, é mais baseado na capacitação e no enfrentamento do seu futuro por pessoas no bojo de uma lógica de desenvolvimento, local coletiva e endógena. Isto não nega, evidentemente, nem a autenticidade nem o impacto positivo de muitas iniciativas da RSE...
Na hora em que as questões concernentes aos países industrializados assim como os países em desenvolvimento são, não somente ligadas à criação de empregos mas também ao acesso aos direitos fundamentais do ser humano e ao bem-estar geral, a natureza das riquezas criadas, assim como a abordagem coletiva do desenvolvimento local endógeno, que está realmente ao serviço da comunidade local em sua integralidade, é uma questão que deve ser abordada atentamente.

Autora: Judith Hitchman
Artigo original em francês e inglês
Para informações: www.sacoma.org.uk/

Nossos boletins estão disponíveis na web:

http://developpementlocal.blogspot.com/
www.apreis.org/

Agradecimentos aos nossos tradutores:
Évéline Poirier (Canadá) para o inglês, Brunilda Rafael (França) para o espanhol e Michel Colin (Brasil) para o português.

Para entrar em contato conosco (para informações, novas assinaturas ou cancelamento de assinaturas)
Yvon Poirier ypoirier@videotron.ca

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