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03/07/2008

Boletim Internacional de Desenvolvimento Local Sustentável #50
1° de julho de 2008

Sumário

Mensagem da equipe editorial

A RTA 2008 : a Auvergne acolhe e « casa » a nata francesa do turismo responsável e do desenvolvimento territorial

O turismo Responsável, laboratório de uma economia territorial mais solidária, cooperativa e cultural.

Um caso de cooperação coroada de sucesso na Itália

Aviso

IV. Fórum internacional – Globalização da solidariedade

Mensagem da equipe editorial


Como nós temos numerosos leitores que não tinham assinatura na época das primeiras publicações em 2003, frisamos que nosso boletim é uma iniciativa estritamente pessoal. Ela não é ligada, nem diretamente, nem indiretamente a qualquer organização ou a uma rede, embora sejamos atores de mudança engajados na vida de seu tempo. Como o mencionamos no passado, continuamos um esforço de intercâmbio de informações para compreender melhor os desafios do futuro e encontrar como dar nossa contribuição. Nosso 50° boletim se inscreve no prolongamento do encontro mundial sobre o desenvolvimento local em 1998 no Quebec.
Por outro lado, nós reiteramos o convite para nos enviar curtas notícias (1-2 páginas) que poderíamos divulgar. Como também, continuamos buscando voluntários para a tradução para o inglês, o espanhol ou o português.
Queremos informar que o documento completo que Martine resumiu no último número sob o título: As responsabilidades de uma sociedade civil em construção: contribuição para o debate está disponível no site Fórum das gerações futuras, em inglês e em francês.
www.fgf.be/index.php
Próxima publicação – 1° de setembro

Equipe editorial
Yvon Poirier
Martine Théveniaut

O turismo responsável, laboratório de uma economia territorial mais solidária, cooperativa e cultural: O Encontro Territorial de Auvergne (RTA) nos dias 27 e 28 de maio 2008 acolhida pela Região Auvergne (França)

Era a 2a etapa regional na programação da “Plataforma para a ampliação do local para a Europa”, animada pelos Pactos Locais, inscrita na preparação do Fórum LUX’09. A partir de uma constatação realista, ela colocou as mesmas questões a seus convidados, umas cinqüenta pessoas (não somente francesas, mas da Bósnia, do Mali, de Madagascar, Camarões), provenientes de um amplo painel de atores envolvidos. A perspectiva é dupla: “provocar menos danos” com o turismo de massa e fazer avançar o turismo responsável. Esta via de progresso foi pensada a partir da abordagem territorial. Como é que ela pode ser o vetor de relações humanas de qualidade e de relações econômicas equilibradas entre os que acolem e os acolhidos.
No prolongamento da RTA: um livro vai ser publicado no verão, com a perspectiva de introduzir os principais ensinamentos da etapa no momento do Fórum Internacional do Turismo Solidário, em Bamako, em outubro de 2008.

Contexto: O turismo representa o primeiro ítem do comércio internacional antes do automóvel e dos hidrocarboretos. Seu crescimento médio se situa entre 4 % e 5 % e a UNWTO (Organização Mundial do Turismo) prevê 1 bilhão de “entradas pelas fronteiras por motivo de turismo” em 2010 e 1 bilhão 600 milhões em 2020 (OMT). O turismo internacional vá portanto duplicar nos 15 próximos anos, após ter quadruplicado durante os trinta anos passados. A Europa e a América do Norte, principais emissores de viajantes (70% do total mundial), registram também o essencial dos destinos (76% em 1990, 66% em 2005). As receitas do turismo equivaliam em 2003 a aproximadamente 6% das exportações mundiais de bens e serviços e a quase 30% somente dos serviços.

Pelo crescimento de seus fluxos, suas técnicas de comercialização e de gestão a distância, o caráter polifuncional, global e reticular de sua indústria, a mobilidade de sua clientela e de seus capitais, o turismo se apresenta como o campeão da liberalização dos mercados.
Agregado de serviços liberalizados, o turismo possui uma assinatura econômica muito particular:
O produto “mercadoria” do imaterial: calor humano, ambiente, exotismo....;
É o consumo do bem ou serviço por um turista que torna este último “turístico”;
Uma forte sazonalidade condiciona a produção, a oferta e o consumo;
A simultaneidade “produção/consumo” implica uma forte reatividade especialmente por causa das evoluções possíveis entre as duas etapas;
O consumidor vai “para” e “no” produto;
O produto é vendido “como pacote”, Internet ou folder. Há imaterialidade e impossibilidade de experimentar. O risco torna o cliente exigente sobre a informação e a pezrsonalização da resposta;
Os produtos vão desde o “muito padronizado” (turismo uniformizado – mesmos hoteis, cozinhas, piscinas) até o “muito específico” (próprio a cada país, segmento de clientela, nicho).
A relação comercial industrial evolui para a co-produão de um serviço personalizado. A contribuição do turismo para o PIB, o emprego, a diversificação econômica, a revitalização de territórios é conhecida. Mas as externalidades negativas do turismo convencional são elas também conhecidas e cada vez mais contestadas. Mencionemos:
As regiões que acolhem não têm o domínio dos fluxos turísticos, controlados por grupos internacionais cujo acionariado exige uma taxa de crescimento de dois algarismos;
As derivas e não respeito dos compromissos e do direito dos clientes avançam;
O endividamento externo para os investimentos e uma porcentagem de saída de 40 a 90% diminuem o valor das devisas geradas;
A monoatividade turística é perigosa, pois ela submete o território a uma demanda sujeita a flutuações brutais e imprevisíveis (exemplo: SRAS – Síndrome Respiratória Aguada Severa - na Ásia);
O direito às férias e ao lazer enfrenta as desigualdades de consumo, de direitos sociais e de desenvolvimento pessoal;
os empregos turísticos säo muitas vezes mal remunerados, sazonais e sem possibilidades de reais qualificações;
o desrespeito aos direitos dos trabalhadores e a exploraçäo, inclusive sexual, das mulheres e das crianças é comum;
o turismo fragiliza o tecido social e transtorna as bases culturais reforçando as disparidades sociais;
o turismo aerotransportado contribui para o desequilíbrio climático planetário. E com seus impactos terestres, ele polui, sobreexplora e torna artificial as paisagens, concentra a propriedade da terra e cria conflitos de uso de recursos limitados como a água ou a energia.
Conscientes destas realidades, os atores do turismo se mexem... e desenvolvem ou revelam formas solidárias, equitativas, sustentáveis, alternativas, éticas, populares, näo agressivas, comunitárias, lentas... que representam mais e mais progressos na Responsabilidade Social das Empresas, a equidade, a repartiçäo das receitas, as preocupações ambientais, as compras eco-responsáveis, as parcerias. O que estas novas práticas pretendem? Como articular seus valores agregados? Como criar coerência para reforçá-las assim como seus impactos? Será que elas estäo à altura dos desafios?

Estas novas abordagens têm ainda muitas dificuldades para entrar em sinergia com os outros atores A setor turístico vertical, cruza, em diferentes níveis e momentos, outras lógicas setoriais e transversais, as do território: fornecedores, prestadores de serviçoes, tecido empresarial (bens e serviços), mas também patrimônios material e imaterial, organizações sociais, infraestruturas, políticas públicas, quadros legais e normativos e correntes de intercâmbios internacionais. Como se articulam todas estas lógicas? Como fazer para que os pontos de contato sejam dinamizadores, catalisadores, geradores de efeitos derivados de diversificaçäo e reforço? Quais säo os métodos?
Alain Laurent (Pessoa de referência dos Pactos Locais da etapa regional da Auvergne e da capitalizaçäo das 5 etapas programadas daqui o Fórum LUX'09.
Para ter mais informações: BEIRA-CFP (beira.cfp@wanadoo.fr),
Projeto TER_RES (Teritórios Responsáveis/BEIRA-CFP/Interstices www.beira-cfp.org )


Um caso de cooperaçäo exitosa na Itália

Uma iniciativa de consumo responsável e ecológico

Carrara (65.000 habitantes) é uma cidade bem conhecida da Toscana por seu mármore branco. A antiga “Praça das ervas” foi renovada. Su funçäo tradicional foi restabelecida graças a um mercado exclusivamente reservado aos produtos bio e típicos da agricultura local.
Inicialmente simples, a iniciativa promovida pela vice das atividades produtivas da municipalidade, Andrea Zanetti, se tornou complexa – mas também mais rica – na medida em que novos atores se juntaram.
Cada um dos 14 novos balcões fornecidos pela administraçäo a 40 vendedores escolhidos para vir oferecer por rodízio seus produtos, ilustram, sobre um painel, a empresa do vendedor e sua história. Para que os visitantes possam receber infomes e notícias sobre o consumo responsável, um balcäo é atribuído à associaçäo líder do porjeto ACU, Associazione Consumatori Utenti, e a qualquer outra associaçäo desejando participar.
Ao lado do mercado, ao mesmo tempo que ele acontece, um hall no antigo «Moinho Forti» reabilitado, acolhe conferências tendo como assunto a alimentaçäo sadia, os estilos de vida, a rotulagem dos produtos, mas também todos os temas que devem ser associados ao consumo: a mudança climática, a água, a energia, a agricultura, os detritos, a fome no mundo e a justiça global, os direitos e as responsabilidades, a solidariedade... O programa anual foi definido.
Para completar o programa cultural em torno do novo mercado, a vice para a instruçäo pública, Giovanna Bernardini, inclui iniciativas educativas para as crianças, visando o consumo sustentável, no Plano escolar. A ACU tomará conta das atividades, na escola e fora dela, que väo envolver os jovens. Um concurso de prêmios será lançado.
Por enquanto, os eventos acontecem mensalmente, cada primeiro sábado, mas o mercado se tornará daqui a pouco um encontro bimensal e sua abrangência vá se estender mais o ano seguinte. Eles incluíram especialmente o mercado no Plano Local para o comércio nos espaços pú blicos, o que lhe garante um lugar, por uma decisäo permanente.
O mercado faz parte de fato da estratégia da municipalidade que visa revitalizar e renovar o centro histórico de Carrara, seus antigos prédios e suas praças públicas. Desta forma, a municipalidade traz um valor agregado a sua herança histórica e incentiva a sua permanência.
A atençäo especial para os produtos locais bio e típicos é característica de todos os administradores da Toscana, após as recomendações da lei regional n°18/2002 que implementa a alimentaçäo biológica no fornecimento por licitaçäo pública e apóia os programas para a educaçäo alimentar. Em poucos dias, a comuna de Carrara vai conceder um contrato àas cantinas públicas, escolas e hospitais, mediante uma licitaçäo pública que prevê que toda alimentaçäo será típica ou bio.
Os pequenos produtores tradicionais têm pouco ou näo têm o costume de relações estruturadas, mesmo no mesmo território. O novo mercado lhes deu a oportunidade de começar a formar redes, a desenvolver contatos mais firmes com as associções agrícolas Coldiretti, C.I.A., CTPB. Estas últimas, do seu lado, apoiaram o programa, utilizando fundos regionais da lei 34/2001 para o desenvolvimento rural-agrícola. A cooperaçäo em torno do mercado pode se tornar uma oportunidade suplementar e importante para a melhoria técnica (diferente da comercial) na agricultura.
A venda dos produtos dos pequenos produtores de nicho é um desafio, geralmente. Difícil é fazer conhecer aos consumidores produtos de fabricaçäo limitada, e os mercados convencionais reconhecem apenas um diferencial de preço suficiente para os produtores. Ora, o conteúdo de trabalho e as despesas säo proporcionalmente mais elevados e a burocracia é uma barreira para eles. O papel das vendas diretas e particularmente o engajamento do GAS (Grupo de Aquisiçäo Solidária) é essencial neste caso.
Os GAS säo uma inovaçäo original que se constrói a partir da paixäo dos Italianos pela alimentaçäo. Ela conduz tradicionalmente um grande número de indivíduos/famílias a percorrer a península em busca de produtos autênticos. Os GAS acrescentam o objetivo de promover compras na base da solidariedade e do consumo responsável. Estes grupos locais säo muito independentes. As pessoas se organizam, escolhem e compram em comum, partilhando depois produtos de todos os tipos, sobretudo alimentos.
Economizar dinheiro é um dos motivos do agir, talvez o primeiro, mas näo o mais importante. O esencial é descobrir produtos melhores e muitas vezes excelentes produtos de nicho, ajudar os pequenos produtores e manter relações diretas com eles, criar novas relações amicais, apoiar os circuitos curtos de entrega, e empregar de forma útil o tempo livre. Em suma, a qualidade de vida e a satisfaçäo em traduzir concretamente seus sentimentos de solidariedade, tais säo as motivações principais destes grupos, por outro lado muito variados, que säo avaliados entre 500 e 1000 unidades. A lei financeira atual os toma em consideraçäo pela primeira vez e concede vantagens fiscais.
Na oportunidade da abertura do mercado dia 24 de maio, as vendas se revelaram um sucesso enorme de tal forma que muitos vendedores liquidaram todas as suas mercadorias antes do fechamento do mercado. « Eles säo todos muito satisfeitos e dispostos a estender a iniciativa” diz Clara Gonnelli, a presidente ACU-TOSCANA que trabalhou muito durante seis meses para reunir e alcançar o consenso entre atores täo diversos e numerosos, que näo tinhma nunca trabalhado juntos antes.
Pia Valota
Coordenadora ASECO-Alliance of Social and Ecological Consumer Organisations

Informe

IV Fórum internacional – Globalizaçäo da solidariedade

A rede internacional de promoçäo da economia social e solidária (RIPESS) e o Instituto Europeu para a economia solidária (INEES) anunciam oficialmente a realizaçäo do próximo encontro, depois daqueles de Lima em 1997, de Quebec em 2001 e de Dakar em 2005.
O tema definido para o encontro é: Uma outra economia existe: as inovações da economia social e solidária
O encontro acontecerá do 22 ao 25 de abril 2009 em Esch-sur-Alzette no Luxemburgo.
Vocës säo convidados a fazer sua inscriçäo no site Internet para participar dos intercâmbios preparatórios e receber regularmente as informações.
www.lux09.lu
Para mais informações:
Catherine Van Ouystel
E-mail: vanouytsel@inees.org

Nossos boletins estäo disponíveis na Intenet:

http://developpementlocal.blogspot.com/
www.apreis.org/
Agradecimentos a nossos tradutores:
Évéline Poirier (Canadá ) para o inglês, Brunilda Rafael (França) para o espanhol e Michel Colin (Brasil) para o potuguês.
Para entrar em contato (para informações, novas assinaturas, ou cancelamento de assinaturas)
Yvon Poirier ypoirier@videotron.ca

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