<$BlogRSDUrl$>

06/05/2008

Boletim Internacional de Desenvolvimento local sustentável
Boletim informativo # 48
1 de Maio de 2008



Sumário


Mensagem da equipe editorial



A crise do modelo agrícola atual

Uma outra agricultura é possível: uma agricultura de proximidade

Centro Europeu de Recursos para os Grupamentos de Empregadores

Iniciativas territoriais inovantes no mercado de trabalho.


Mensagem da equipe editorial

A crise agrícola cada vez mais globalizada, atinge em cheio as populações e os países mais vulneráveis. Trata-se de outra ilustração de que a mercantilização sem freio, assim como é praticada hoje, produz efeitos nefastos sobre a necessidade de base mais fundamental, a de alimentar-se. Poderíamos resumir a situação atual pela frase seguinte (ouvida no rádio). A obsessão do lucro produz a fome dos mais pobres.
As más notícias são agora cotidianas na mídia; a organização das Nações Unidas (FAO – Food and Agriculture Organisation) e o PAM (Programa alimentar mundial) enviam sinais de alerta.
Quanto a nós, temos a firme convicção que outra agricultura é possível, e mesmo incontornável para a sobrevivência do planeta e dos seus habitantes.
Enfim, a iniciativa do Grupamento de Empregadores (GE) territoriais são outra ilustração que é na esfera do território local que se pode harmonizar as expectativas dos empregadores e dos assalariados, assim como o território local será o lugar da harmonização das expectativas dos consumidores e agricultores.

Boa leitura

Equipe editorial

Yvon Poirier
Martine Théveniaut

A crise do modelo agrícola atual

Uma outra agricultura é possível: uma agricultura de proximidade

Até 1940, mesmo nos países mais desenvolvidos da Europa ou da América do Norte, mais de 95% do consumo de alimentos provinha da produção local ou regional. Assim, mesmo uma metrópole como Nova Iorque se alimentava com produtos dos estados vizinhos como o New Jersey (um raio de 100 a 200 km).
Menos de 75 anos mais tarde, é exatamente o contrário. A comercialização realizada pelos grandes redes de distribuição modificou profundamente a situação. Na província do Québec (8 milhões de habitantes) no Canadá, a comercialização é dominada por 4 redes de distribuição. Assim, a produção agrícola é dirigida para grandes armazéns centralizados e em seguida para as lojas de alimentação em cada uma das cidades e regiões. Embora 50% da produção consumida provenha de agricultores do Québec, este modelo acarretou graves conseqüências:
- como os grandes distribuidores procuram fornecedores que podem abastecer o conjunto de suas lojas, as pequenas fazendas, muitas vezes familiares, desapareceram;
- como os grandes distribuidores escolhem o melhor preço, uma pressão para uma redução dos preços pagos aos fazendeiros, e a escolha do produtor não leva em consideração as distâncias.
Assim, como é o caso em todos os países industrializados, a quilometragem de cada produto se tornou enorme. Por isso, um produtor de cenouras pode estar situado a 500 km de Montréal. Portanto, as cenouras vão para o armazém central e voltam para o supermercado da região produtora. Dessa forma, a cenoura terá percorrido 1.000 km antes de ser consumido em sua região de produção. Esses fatos são bem conhecidos.

A industrialização da agricultura, acompanhada por um amplo uso de maquinaria agrícola, de adubos químicos e de pesticidas, permitiu um aumento importante da produção agrícola em quase todos os cantos do planeta. Assim, na América do Norte, as famílias agora gastam somente 11% de suas despesas com a alimentação, comparativamente a mais de 20% em 1960.

Porém, este tipo de agricultura tem o seu avesso de medalha. Ela só foi possível por causa dos baixos custos energéticos (petróleo) e dos produtos da indústria petroquímica. Um fato ilustrativo. A produção de milho nos Estados Unidos aumentou de 346% entre 1910 e 1983, mas o consumo energético no conjunto da agricultura aumentou de 800%. Dois outros exemplos para ilustrar: a alface produzida na Califórnia consumido em Nova Iorque custa 36 vezes mais calorias de energia do que a própria alface contém. Um quilo de uvas do Chile transportado para América do Norte emite 6 quilos de CO2.

Durante este tempo, entre outras coisas, para liberalizar os mercados, as Políticas de ajuste estrutural (PSA) do FMI forçaram numerosos países, especialmente na África, a abandonar suas políticas agrícolas nacionais, enquanto os países ricos continuam subsidiando suas produções. Assim, no Senegal, o quilo de cebola vindo dos Paises Baixos é mais barato que o quilo produzido no próprio país.

E agora, a lógica do livre comércio age de tal forma que grandes produções agrícolas, como no caso de 20% do milho nos Estados Unidos, é desviada para a produção de etanol, o que agrava a situação atual.

Podemos agir de outra forma?

No livro “Deep Economy : the wealth of communities and the durable future” (Economia profunda: a riqueza das comunidades e um futuro sustentável), o autor Bill McKibben descreve bem a alternativa. E esta alternativa já existe, e ela se desenvolve. Assim como o nosso precedente número o descreve (a rede URGENCI), a agricultura apoiada pela comunidade, os mercados públicos de produtores locais e a agricultura biológica estão em pleno desenvolvimento.

A título de exemplo, mencionemos que em 1970 nos Estados Unidos, havia somente 340 mercados de produtores, mas que em 2004 havia 3.700 deles. Outro fenômeno é observado em outros paises. Assim, em Cuba, o desmoronamento da União Soviética fez desaparecer o fornecimento em petróleo barato. Por isso, do dia para a noite, a agricultura Cubana, construída no modelo soviético de grandes fazendas se transformou radicalmente para uma produção urbana e comunitária. Havana produz o essencial de sua alimentação localmente, com uma agricultura essencialmente biológica, sem adubos químicos e pesticidas.

O agrônomo britânico Jules Pretty estudou mais de 200 casos de agricultura “sustentável” em 52 paises. Ora, fica evidente que uma agricultura sustentável tem a capacidade de produzir MAIS alimentos por hectare que a agricultura industrializada, e isto com um custo menor. A agricultura industrializada domina sempre, pois é ela que dá um maior rendimento financeiro por hectare.

A reconstrução das comunidades locais

O modelo agrícola capitalista, especialmente em sua versão neoliberal, produziu efeitos nefastos sob vários aspectos. Assim, o desaparecimento das pequenas fazendas agrícolas, e a mecanização da agricultura, acarretaram um êxodo das populações das regiões rurais para os grandes centros urbanos. Não é o único motivo deste fenômeno mundial, mas é inegável que tudo leva para isso. Porém, mais desestruturante ainda foi o corte radical que aconteceu entre produtores e consumidores.

Mas, há cada vez mais consumidores e produtores que constroem esta nova abordagem da agricultura. Por isso, a tendência se inverte – no estado do Oregon do oeste americano, o número de agricultores de dedicação exclusiva passou de 13 384 em 1974 a 21 580 em 2002.

Este artigo constitui apenas uma vista de conjunto da situação. Mas, à luz da crise atual, e dos conhecimentos e das técnicas conhecidas para dar uma virada maior rumo a uma agricultura sustentável, a constatação é que uma agricultura de proximidade será a única que permitirá alimentar a população em cada país, que reduzirá a emissão de gases de efeito estufa, e que permitirá reconstruir o tecido social entre produtores e consumidores, sem falar do corte entre a cidade e o território circunvizinho.

Autor : Yvon Poirier



Centro Europeu de Recursos para os Grupamentos de Empregadores

Iniciativas territoriais inovantes no mercado do trabalho

A contratação em tempo partilhado: uma inovação organizacional que responde às necessidades econômicas e sociais dos empregadores e dos assalariados de um mesmo território de vida.

A invenção social saiu da região Poitou-Charentes, tão logo a lei de 1985 criando os Grupasmentos de Empregadores (GE) fora promulgada na França. Os GE são uma inovação para organizar o tempo partilhado: partilha por turnos dos assalariados qualificados, trabalhos sazonais, períodos de atividade intensa, antecipação das contratações, estabilização do emprego. Em primeiro lugar, o plebiscito foi feito no mundo agrícola, a ferramenta se difundiu em uma abordagem multisetorial. Resultados regionais em 2007: 1700 assalariados, 2100 estruturas que aderem a um GE e um faturamento global de 35 milhões de €. Privilegiando uma relação de mão dupla, os GE se adaptam e antecipam as mudanças do mercado mundial em proveito do emprego sustentável para os cidadãos.
A invenção se difunde e se adapta em várias regiões da França e dos países da Europa: na Bélgica, em 2001, com o primeiro Grupamento de Bruxelas, Jobiris, no setor da agroalimentação que conta hoje com uns vinte assalariados. Na Alemanha, em 2004, com o primeiro Grupamento no Land do Brandemburgo. Contam-se hoje quatro Grupamentos na Alemanha e numerosos projetos nos Land da Turíngia e Land da Saxônia-Anhalt, especialmente no setor agrícola.

« Federar, é reunir e não normalizar: o princípio de subsidiariedade é primordial”.

Os grupamentos de Empregadores organizaram sua 2a Convenção Européia em torno de um debate participativo em Bruxelas o 22 de fevereiro de 2008, em presença do comissário europeu para o Emprego, os Assuntos Sociais e a Igualdade de Oportunidades, Vladimir Špidla e do presidente do Comitê das Regiões, Luc Van den Branden. O encontro permitiu especialmente de começar a criação do Centro Europeu de Recursos para os Grupamentos de Empregadores, o CERGE. France Joubert que iniciou o movimento será o seu primeiro presidente. A ambição do CERGE é de promover a ferramenta GE e de se expandir em todas as regiões da Europa ampliada. O lançamento retoma o modelo do Centro de Recursos, como é praticado desde faz quase dez anos em Poitou-Charentes. Esta forma de organização paritária reúne os patrões e os assalariados, assim como representantes da economia solidária, com uma presidência rotativa. Ela mostrou suas capacidades na esfera do território para equacionar os problemas do trabalho, do emprego, mas também os da criação de atividades, da moradia ou dos serviços, que são problemas interdependentes. As respostas são mais inventivas e favorecem, para cada um, a possibilidade de contribuir com sua intervenção de sucesso.


Martine Theveniaut, participação na reunião
Para ter mais informações: http://www.cerge.com


Nossos boletins estão disponíveis na Internet:

http://developpementlocal.blogspot.com/
www.apreis.org/

Agradecimentos a nossos tradutores :
Évéline Poirier (Canadá) para o inglês, Brunilda Rafael (França) para o espanhol e Michel Colin (Brasil) para o português.

Nous contacter (pour informations, nouveaux abonnements ou désabonnements)
Yvon Poirier ypoirier@videotron.ca

This page is powered by Blogger. Isn't yours?