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06/02/2008

Boletim Internacional de Desenvolvimento Local Sustentável
Boletim informativo #45
1° de fevereiro de 2008


Sumário

Mensagem da equipe editorial

A co-responsabilidade para o bem estar de todos
“Coesão social e território”, Encontro de Trento, 29 e 30 de novembro


Energias renováveis e desenvolvimento local sustentáveis
Perspectivas animadoras
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Mensagem da equipe editorial

Neste começo de ano 2008, desejamos um excelente ano a todos e todas. Os desafios continuam sendo numerosos. Os dois artigos deste número o manifestam. Porém, ao mesmo tempo somos incentivados pelas numerosas iniciativas que as populações locais empreendem, em toda parte no planeta, a fim de, não somente defender seus direitos, mas igualmente construir concretamente o mundo de amanhã.

Como acolhemos novos assinantes regularmente (vocês são agora 225), pensamos comunicá-lhes algumas informações sobre as atividades atuais dos membros da equipe editorial. Pensamos útil manter vocês informados (em ordem alfabética).

Além de suas diversas atividades em desenvolvimento local em Portugal, Francisco Botelho está engajado na “Cooperação em português” (cooperação na área cultural lusófona). Trata-se de uma cooperação entre atores do desenvolvimento local no Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde e Timor Leste. Esta cooperação foi iniciada no âmbito dos encontros Expo Brasil.
www.cooperaremportugues.org/

Yvon Poirier recebeu um mandato do Grupo de economia solidária do Quebec (GESQ) a fim de desenvolver a articulação internacional em economia solidária e é Presidente do Comitê internacional da Rede canadense de desenvolvimento econômico comunitário (RCDÉC). Ele participa igualmente da Rede Norte-Americana de economia solidária (NANSE).

Martine Théveniaut é presidente de uma Plataforma associativa BASE Sul Audois (sul da França) que “coloca em comum competências e meios para melhorar o impacto de uma economia mais solidária e de um modelo de desenvolvimento respeitoso das pessoas e dos recursos naturais”. Ela é co-responsável da dinâmica Pactos Locais e é vice-presidente da rede européia de economia solidária e desenvolvimento local Euronetz. Ela é igualmente membro do Comitê de coordenação europeu do 4° Encontro internacional de globalização da solidariedade. Em dezembro, Martine obteve seu doutorado de sociologia: “inventores sociais para territórios a viver. Balanço e perspectiva de trinta anos de uma prática da pesquisa a serviço da ação” (um resumo em francês e em inglês é disponível a pedido)

Francisco luta contra a leucemia há mais de dois anos agora. Os avanços da medicina permitiram estabilizar a situação e nosso amigo continua suas atividades. Yvon e Martine saúdam a energia que ele coloca para se manter ativo e militante e fazem questão de saudar uma colaboração muito rica.

Equipe Editorial
Francisco Botelho
Yvon Poirier
Martine Théveniaut
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A co-responsabilidade para o bem estar de todos,
“Coesão social e território”, Encontro de Trento, 29 e 30 de novembro de 2007


Este encontro é organizado pela Divisão do desenvolvimento da coesão social (DCS) do Conselho da Europa. Seu tema: “Desenvolver as potencialidades das iniciativas éticas e solidárias para uma sociedade inclusiva”, em cooperação com a Plataforma IRIS (Inter Rede européia das Iniciativas éticas e solidárias).

Estes últimos anos levaram a tomar consciência que um desenvolvimento econômico não pode ter sucesso em detrimento da coesão social, condição fundamental da segurança democrática, da sustentabilidade, mas também do bem estar de nossas sociedades. Este artigo resume a mesa redonda dedicada aos territórios socialmente responsáveis, na qual estive presente.

“O caminho da reconquista de nossa liberdade”

A província autônoma de Trento tornou-se um distrito de economia solidária. “Não é somente uma questão legal. O problema deve ser enfrentado com profundidade para mudar as mentalidades”, diz Marta Dalmaso, eleita, na abertura. Gilda Farrell, da DCS, instigadora, faz a introdução mencionando o romance de Ítalo Calvino, “la citta invisibile”: Marco Pólo, chegando nesta cidade invisível constata, com muita surpresa, que o projeto de realizar a felicidade dos moradores resulta num amontoado de detritos (ambientais... e humanos!). Na realização pessoal e “o bem estar” nada se diz sobre as escolhas de consumo, constata Gilda. É preciso hoje reintegrá-los em nossas funções sociais. “Não será simples... é uma longa caminhada de reconquista de nossa liberdade: não a liberdade de escolha (dos produtos), mas ‘a liberdade de dar um sentido a nossas escolhas.’”

“ Territórios socialmente responsáveis”

A mesa redonda apresenta o resultado de uma aplicação territorial da metodologia desenvolvida sob a égide de Samuel Thirion (igualmente da DCS). Os indicadores de “co-responsabilidade para o bem estar de todos” foram testados em 4 cidades: Rovereto (Trento), Timisoara (Romênia), Mulhouse e Paris (que está apenas começando).
O método se distancia da estatística. Ele é qualitativo e participativo. Encontros reúnem diferentes categorias de cidadãos conforme sua idade, situação, sexo, problemática. Reuniões de grupos “monocromáticas” (ex: as pessoas da terceira idade, os migrantes, etc.) são seguidas de reuniões “arco íris” (cruzamento dos grupos). A produção é considerável. É preciso organizá-la e validá-la com os grupos de cidadãos.

Algumas conclusões provisórias resultam disto. Certos temas do bem estar são recorrentes: emprego, renda, poder de compra, habitação, saúde, educação, formação, cultura, com especificidades em cada cidade. A respeito da cidadania, as partilhas mostram a importância de recolocar as situações no seu contexto. Assim a segurança é vista sob o ângulo daquilo que a enfraquece em Rovereto (medo de sair, violências, inflexibilidade da polícia), enquanto em Timisoara é o que favorece o sentimento de estar em segurança que recebe o primor (mais ordem pública, proteção, controle mediante medidas públicas como ferramentas). Mulhouse insiste sobre o respeito da dignidade das pessoas. Sem um bom conhecimento do contexto e das ações cidadãs existentes, não se pode esperar melhorar as políticas públicas.

Mulhouse, que começou mais cedo, está na fase da avaliação. Esta avaliação colocou em evidência diferenças entre as iniciativas das coletividades e as expectativas das pessoas. São, às vezes, diferenças (pluralidade social, equidade de formação, de renda ou de acesso à cultura, igualdade homem/mulher). Para ter efeitos diretos sobre as ações desenvolvidas (lacunas, erros, consolidação, continuação), encontros aconteceram entre idealizadores de projetos e autoridades locais, após entrevistas com os beneficiários sobre a globalidade de sua situação, etc.

A experimentação, portanto, é igualmente uma ferramenta de diálogo.
Os desafios da coesão social nos territórios: do experimental à grandeza real?
A avaliação em curso abre sobre questões de alcance geral:
Quais efeitos de multiplicação? Meios, tempo, capacidade para o longo prazo... Meios para comunicar, transmitir a outros ?
Será que os governos estão convencidos do papel dos territórios em tudo isto? Ou será que buscam a paz social “colocando uma tampa por cima”? O que nada tem a ver com a coesão social... que vem de baixo.
Será que os cidadãos estão prontos para esta resistência?
A empresas vão querer entrar no jogo?
É preciso agora sair da fase gratificante da co-construção entre os participantes das 4 cidades para sair em busca das respostas.
Como tocar os grupos, involuntária ou resolutamente excluídos do jogo social ou fora de alcance?
O que fazer com tudo o que não é dito? O sofrimento, o impacto do fenômeno religioso de forma positiva e negativa? Do não dizível como o racismo cuja manifestação pública é proibida, mas, entretanto, presente?
Para informações sobre a Direção geral de coesão social :
http://www.coe.int/T/F/Coh%E9sion_sociale/

Autor: Martine Théveniaut

Energias renováveis e desenvolvimento local sustentáveis
Perspectivas animadoras

O tema da 3a cúpula dos Encontros do Mont Blanc (9 e 10 de novembro de 2007) era Consumir, produzir e distribuir de forma sustentável as energias – As respostas da economia social. Vários conferencistas, em assembléia plenária, ou nas oficinas, apresentaram exemplos concretos de abordagens da economia social e solidária, a maioria deles de âmbito local.
A organização dos Encontros Mont Blanc (RMB) é coordenada por grupos de mutuários e cooperativas da França e do Quebec, com uma perspectiva de abertura para organizações em outros continentes. Os RMB têm por objetivo reunir agentes da economia social tendo como perspectiva encontrar parcerias em torno de projetos concretos. A título de exemplo, mencionemos que uma orientação decidida em 2005 é de produzir um software livre para a gestão financeira de empresas de economia mista. Ela será realizada nos dois próximos anos.
O encontro serviu igualmente para lançar o Apelo do Mont Blanc (disponível em 3 línguas no site internet).
http://www.rencontres-montblanc.coop/
O encontro foi muito rico em aprendizagens de diferentes tipos. Uma conferência marcante terá sido a de Ralph Sims da Nova Zelândia, um dos autores do último relatório do GEIC (Grupo de especialistas intergovernamentais sobre o clima). A tomada de consciência da urgência de agir, e do potencial da economia social e solidária para dar respostas concretas, terão marcado este encontro.
Alguns exemplos importantes foram apresentados: uma região de 44 000 habitantes na Dinamarca produz 100% de sua energia (salvo transporte) com energias renováveis; secadores solares na Guiné permitem secar frutas para que se conservem durante muito tempo; painéis fotovoltaicos sobre os edifícios em Friburgo na Alemanha, a modernização dos moinhos de água do Nepal, a produção do biogás, etc.
O que era muito interessante na maioria, senão a totalidade dos exemplos, é o laço com a comunidade local. Estas tecnologias podem ser implantadas localmente e gerenciadas pela comunidade local.
Este artigo não permite uma elaboração mais demorada. Mencionemos simplesmente que uma parte da resposta, até uma grande parte, à produção de energias renováveis provirá dos territórios locais, o que, além disto, reduz os custos e o desperdício do transporte de energia. Em suma, como para a agricultura, a produção e o consumo devem se aproximar ao máximo. Não seria a única via praticável para a sobrevida do planeta.

Yvon Poirier

Nossos Boletins são disponíveis no WEB :
http://developpementlocal.blogspot.com/
www.apreis.org/
Agradecimentos a nossos tradutores:
Évéline Poirier (Canadá) para o inglês, Brunilda Rafael (França) para o espanhol e Michel Colin (Brasil) para o português.
Entrar em contato conosco (para informações, novas assinaturas ou cancelamento de assinaturas)
Yvon Poirier: ypoirier@videotron.ca

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