<$BlogRSDUrl$>

01/07/2005

Boletim Internacional de Desenvolvimento Local Sustentável
Boletim informativo nº 20
1 de Julho de2005

Sumário

Mensagem da equipe editorial


ASOPRICOR
Desenvolvimento rural na Colômbia

Rede Inter Universitária de Economia Social e Solidária
Colóquio de Maio de 2005




Mensagem da equipe editorial

O caminho do sucesso do desenvolvimento rural sustentável não é fácil.
Para alguns, é absolutamente vital organizarem-se, como demonstra esta experiência de agricultores da Colômbia. A sua associação, ASOPRICOR, luta há mais de 25 anos pelo desenvolvimento de uma agricultura sustentável, apesar de um contexto muito difícil que inclui assassinatos de agricultores por grupos paramilitares.
Conseguir dar a conhecer a sua luta por uma vida digna integra-se nos objectivos e razões de ser deste boletim.
Encontrar caminhos gerais de divulgação destas abordagens, ainda isoladas e pouco significativas face às teorias económicas dominantes, é também uma necessidade. Por isso propomos aqui algumas das pistas abertas no decurso do colóquio da Rede Inter Universitária de Economia Social e Solidária que teve lugar em Marselha, em Maio último, e que foi dedicado à ancoragem territorial da mudança.

Próxima edição : 1 de Setembro

Equipe editorial
Francisco Botelho
Yvon Poirier
Martine Théveniaut



*******************************************
Associação para a promoção integral das comunidades rurais (ASOPRICOR)

ASOPRICOR, uma associação sem fins lucrativos, foi fundada em 1978 na cidade de Tocaima e região envolvente, na Colômbia. Desde essa data, a associação de agricultores pobres desenvolveu estratégias no sentido de sair da marginalidade, designadamente adoptando uma estratégia de auto subsistência e de diversificação económica.

Assim, desligaram-se de uma agricultura de monocultura ligada a mercados de exportação, como a banana e o café, diversificando a produção, o que lhes permite produzir frutos e legumes variados, aumentando a capacidade de auto subsistência e aumentando os rendimentos através do mercado nacional, designadamente o da capital, Bogotá (que fica próxima).

Esta abordagem possibilita também uma agricultura sustentável, uma agricultura que usa menos adubos químicos e pesticidas. Para além disso, os agricultores estão em melhores condições de controlar o circuito de produção, desde a cultura até à venda nos mercados local e regional.

Uma abordagem que contraria o modelo neoliberal dominante e que encontrou muita resistência por parte dos Ministérios e dos grandes grupos financeiros que preconizam um modelo de exportação. E foi através da solidariedade dos próprios agricultores e de outras organizações da Colômbia e do exterior que a abordagem da ASOPRICOR se consolidou.

Mas nada disto se consegue sem grandes dificuldades. Em 1997, 14 agricultores foram assassinados por um grupo paramilitar. Um dos dirigentes históricos de ASOPRICOR, Agustin Reyes, viveu vários anos na clandestinidade para não ser assassinado e está actualmente exilado no Canadá. A situação de violência na Colômbia levou a que a associação tenha desenvolvido um importante trabalho a favor da paz.

Entretanto, ASOPRICOR prossegue persistentemente com a sua missão de promoção de um desenvolvimento integral das comunidades rurais e criação de uma organização de pessoas, famílias e comunidades que vivem de acordo com valores e princípios de solidariedade, igualdade, respeito, justiça e fraternidade.

Agustin Reyes, convidado do Congresso da Rede canadiana de desenvolvimento económico comunitário (RCDÉC) realizado em Maio último, é um defensor ferrenho do incremento da solidariedade internacional dos actores do desenvolvimento.

Redacção : Yvon Poirier
A partir de troca de impressões com Agustín Reyes


Rede Inter Universitária de Economia Social e Solidária


A Rede Inter Universitária de Economia Social e Solidária de língua francesa constituiu-se em 2000 nas universidades e centros de investigação de França, Bélgica, Quebeque e Suíça. Desde então, a Rede organiza encontros anuais. Os 5ºs Encontros realizaram-se em Marselha, a 11 e 12 de Maio, e foram consagrados aos territórios.

Os actores desta área contribuem para a dinamização dos territórios através de iniciativas e estratégias empresariais colectivas, mesmo que heterogéneas. As práticas questionam os privados, as políticas públicas e a própria definição dos territórios – corte e/ou construção social? Que clarificações trazem as contribuições dos investigadores ? De notar que os actores do terreno estavam pouco representados na assistência.

Dois modelos produtivos estão actualmente devidamente consolidados para afirmar que a componente territorial está em vias de moldar as formas futuras do capitalismo contemporâneo, pensa Bernard Pecquer. No fundo, o desenvolvimento territorial, são os actores (as populações relacionadas com um espaço físico) que se reapropriam da acção produtiva sob a pressão do consumidor. Esta reapropriação faz-se em detrimento da primazia da empresa, que deixa de ser o actor principal. As condições favoráveis a este reposicionamento emergem claramente mas permanecem ainda provisórias, esporádicas e mantêm-se de uma forma aleatória.

O projecto colectivo é a essência do aparecimento de todas as organizações de economia social e solidária (OESS). Questões importantes mantêm-se em aberto : as formas de institucionalização destas experiências, a sua multiplicação no tempo e no espaço, a sua contribuição para a sustentabilidade do desenvolvimento do património territorial. Património não se entende apenas como herança, é um conjunto dos recursos disponíveis dum território ou duma comunidade, activos ou latentes, para autores como Gabriel Colletis, Patrick Gianfaldoni e Nadine Richez-Battesti, da Universidade Mediterrânica, organizadora do evento juntamente com o Colégio Cooperativo.

Estas observações contribuem fortemente para considerar que é tempo de realizar um inventário das inovações sócio-económicas e uma análise comparativa, não somente para analisar e especificar os conceitos, mas para construir a informação necessária que conduza a uma acção de mudança, global na visão, centrada geograficamente e participada humanamente, para poder ser eficiente.

Martine Théveniaut


********************************************
Os nossos boletins estão disponíveis na Internet:

http://desenvolvimentolocal.blogspot.com/
www.apreis.org/

Agradecimentos :
A Évéline Poirier do Canadá, pela tradução inglesa
A Anne Vaugelade, de França, pela tradução espanhola

Contacto (para informações, novas inscrições e desistências)
Yvon Poirier ypoirier@videotron.ca
Francisco Botelho frbotelho@mail.telepac.pt

This page is powered by Blogger. Isn't yours?